Presidente da Audicon destaca desafios da presença feminina em cargos de liderança nos Tribunais de Conta
A presidente da Audicon, conselheira substituta Milene Cunha, concedeu entrevista ao jornal A Gazeta de Cuiabá abordando a ausência de mulheres no cargo de conselheira efetiva no Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) e, de forma mais ampla, a desigualdade de gênero na ocupação de espaços de poder e liderança no serviço público.
Atualmente, o TCE-MT não possui — e nunca teve em sua história — uma mulher entre seus sete conselheiros. A composição segue o que estabelece a Constituição Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF): quatro conselheiros são indicados pela Assembleia Legislativa e três pelo chefe do Poder Executivo, sendo um deles obrigatoriamente auditor do Tribunal de Contas e outro membro do Ministério Público de Contas.
Segundo Milene Cunha, embora a regra formal seja igualitária, garantindo as mesmas oportunidades a homens e mulheres, na prática essa igualdade não se concretiza. “De um modo geral, a ocupação de mulheres em espaços de poder e liderança é um recorte histórico no nosso país. A administração pública e as posições de comando ainda são predominantemente ocupadas por homens”, destacou.
A Presidente apontou que, mesmo em carreiras técnicas e meritocráticas, como a de auditor de controle externo, há barreiras invisíveis — o chamado “teto de vidro” — que dificultam a ascensão feminina. “Quando se analisa a rotina das mulheres, percebe-se um acúmulo de funções. Após a jornada de trabalho, muitas ainda assumem responsabilidades domésticas e familiares, o que impacta diretamente na participação em cursos e atividades de capacitação exigidos para progressão na carreira”, explicou.
Para Milene, é essencial ampliar a participação feminina nos espaços de decisão. “Somente quem sente a dor tem condições de buscar a cura para essa dor. Por isso, é fundamental que as mulheres estejam presentes no processo decisório e nas instâncias de poder”, concluiu.
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