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Palavra da Presidente Milene Cunha no Dia Internacional da Mulher

Por Conselheira Subst. Milene Dias da Cunha – TCE/PA O Dia Internacional da Mulher simboliza as gerações de mulheres que, com sua resiliência e coragem, lutaram por mais igualdade e justiça na sociedade.Mulheres incansáveis e, muitas das quais, não colheram os frutos de seu plantio, mas cujas sementes nos permitem colher os frutos de suas semeaduras nos dias de hoje. A comemoração do dia das mulheres, é antes de mais nada, o reflexo da força feminina, dos sonhos sem limites, do direito de cada mulher perseguir seus ideais e escolher ser o que desejar ser. É também uma lembrança da necessidade de manter a luta para derrubar as barreiras invisíveis que ainda insistem em se erguer diante de nós mulheres, em que os espaços de voz e poder ao longo dos séculos não foram criados para ter nossa presença. É preciso ter em mente de que igualdade e justiça se faz com respeito mútuo entre todos nós, homens e mulheres, pois o valor de um não está no desvalor do outro, mas sim no reconhecimento das capacidades e do potencial humano que podem ser somados, independentemente do gênero. Para além de salários iguais e outros direitos já reconhecidos, é preciso avançar na conquista de espaços de diálogo, liderança e poder, para que as mulheres sejam ouvidas, atendidas e respeitadas e, assim, construir um mundo em que as mulheres se enxerguem nele, deixando para trás o mundo em que precisam se adequar a ele. Tudo isso exige não apenas políticas afirmativas, mas sobretudo iniciativas que visem a mudança de padrão comportamental e de mentalidade. Cabe a cada um de nós encabeçar essa batalha, absorver novas formas de se expressar e praticar ações transformadoras, para que a verdadeira e almejada igualdade passe a ser os hábitos naturais de uma sociedade. É nesse cenário que os Tribunais de Contas podem contribuir substancialmente para a redução das disparidades de gênero, na medida em que podem (e devem) atuar como indutor do progresso atinente à equidade de gênero, ao proceder à avaliação das políticas públicas, realizar auditorias operacionais e outras formas de fiscalização, expedição de recomendações e determinações aos gestores públicos, bem como a utilização de instrumentos que visem a resolução consensual de conflitos, a fim de contribuir para a efetividade das políticas públicas voltadas às mulheres. Com esse espírito de primar pela igualdade em sua plenitude, a Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon), nas figuras de suas associadas Conselheiras Substitutas, presta uma especial homenagem a todas as mulheres que compõe o controle externo, em todas as suas funções, e que somam visões de mundo que permitem uma fiscalização pública mais cidadã e humana. Conselheira Substituta no TCE/PA. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Pará (2019), especialista em Direito Público com ênfase em Gestão Pública pelo Complexo Jurídico Damásio de Jesus (2015), especialista em Gestão de Pessoas e Marketing pelo Centro Universitário de Patos de Minas (2004) e graduada em Administração pela Centro Universitário de Patos de Minas/Universidade Estado de Minas Gerais (2002).  Presidente da Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (AUDICON) (2024-atual). Secretária-Geral da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (ATRICON) (2024-atual). Docente, autora de artigos e conferencista na área de controle externo e políticas públicas.  

Gestão e desempenho em escolas públicas

Por Tiago Cavalcanti* Um aspecto frequentemente – subestimado nos debates sobre o avanço da qualidade da educação no Brasil está relacionado ao papel da gestão nas escolas públicas. Em geral, é difícil isolar de forma sistemática o impacto das práticas de gestão sobre o desempenho escolar dos alunos. De acordo com o World Development Report de 2018 do Banco Mundial, o Brasil e vários países de renda média enfrentam uma crise de aprendizado. Em sua grande maioria, as crianças frequentam escolas, mas o aprendizado é sobremaneira baixo. Apesar do aumento real de 63% entre 2007 e 2019 no gasto médio por aluno do ensino fundamental nos municípios brasileiros, o desempenho dos alunos do país na prova do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de matemática, ciências e português não tem melhorado desde 2009. A prova Pisa busca medir a capacidade dos jovens de 15 anos em aplicar os conhecimentos adquiridos até o final do primeiro ano do ensino médio. Para se ter uma ideia do desempenho relativo dos nossos alunos em relação aos estudantes dos países europeus da OCDE, um estudo de Francesco Avvisati e Pauline Givord, publicado no periódico especializado Labour Economics, com base nos dados do Pisa, mostra que um jovem brasileiro de 15 anos precisaria, em média, de mais 8 anos em uma escola nacional para, supostamente, atingir o nível de conhecimento de um jovem de 15 anos europeu. Para compreendermos nosso desenvolvimento econômico e social, é fundamental entender onde estamos falhando na transformação de um maior investimento na educação em melhorias no aprendizado. Segundo o Ipea, o Brasil destina 6, 2% do seu PIB à educação como um todo, enquanto a média da OCDE é de 4, 9%. Se subtrairmos os gastos com Ensino Superior, a fração do PIB destinada a despesas com educação cai para 4%, ainda acima da média equivalente da OCDE, que é de 3, 4%. Isso demonstra que o esforço de nossa sociedade em alocar recursos financeiros para a educação não é inferior ao de outros países. Portanto, é importante entender se há ou não espaço para aumentar a eficiência dos gastos em educação do nosso país, por meio de intervenções que possam melhorar de forma sistemática a gestão nas escolas públicas, com efeitos positivos no aprendizado dos estudantes e na formação de capital humano. Isso é exatamente o que Felipe Puccioni busca responder no trabalho para seu PhD na Universidade de Cambridge, sob minha orientação acadêmica. Felipe elaborou uma pesquisa ambiciosa para identificar os impactos da melhoria na gestão das escolas públicas sobre o aprendizado dos alunos, utilizando o município do Rio de Janeiro como laboratório. Quarenta escolas públicas do ensino fundamental deste município foram selecionadas aleatoriamente para receber, durante dois anos, um programa focado na melhoria da gestão. Ele então compara o aprendizado dos estudantes nessas escolas selecionadas com o desempenho dos alunos em outras escolas públicas do município do Rio de Janeiro que não participaram do programa. Mais especificamente, o objetivo do programa elaborado por Felipe é fornecer conhecimento, treinamento, incentivo e ferramentas para que diretores, vice-diretores e coordenadores pedagógicos aprimorem substancialmente as práticas de gestão de suas escolas. Para isso, o programa, intitulado Programa Ciência e Gestão pela Educação (PCGE), fundamenta-se nas melhores práticas de gestão definidas por especialistas e discutidas e avaliadas em diversos congressos e artigos acadêmicos. Um ponto relevante do PCGE, que pode ser aplicado e estendido a outros municípios do país, é que, em vez de utilizar uma consultoria externa para implementar e monitorar a intervenção, o programa é executado por uma equipe interna de servidores do município do Rio de Janeiro. Uma parceria entre o Tribunal de Contas e a Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro foi assinada para que servidores das duas instituições fossem alocados para implementar o programa nas escolas. Os servidores foram treinados para atuar por dois anos fornecendo mentoria e treinamento em serviço sobre as melhores práticas de gestão aos gestores escolares das escolas selecionadas aleatoriamente. O impacto do programa é bastante relevante e precisa ser divulgado. Em apenas dois anos, os alunos das escolas ‘tratadas’ aprenderam o equivalente ao que se aprende em um pouco mais de 3 anos nas escolas do Rio de Janeiro, em comparação com os estudantes das escolas que não participaram do programa. Ou seja, as escolas que receberam o apoio do programa foram 50% mais eficientes em melhorar o aprendizado de seus alunos em comparação com as escolas que permaneceram com o mesmo tipo de gestão anterior. Apesar do programa se basear em 23 diferentes práticas de gestão que estão integradas, dois fatores foram fundamentais para melhorar o aprendizado dos alunos. Primeiro, o aprimoramento da capacidade dos gestores escolares em observar e monitorar docentes e turmas com base em dados de aprendizagem. O segundo fator foi o uso de reuniões individuais periódicas pelos gestores escolares para discutir com os professores o desempenho dos alunos. Assim, os gestores podem abordar com os professores as necessidades de cada turma e de cada aluno, diagnosticando problemas e procurando soluções. Se os municípios brasileiros adotassem o PCGE, de acordo com a tese de Felipe, o Brasil poderia alcançar o mesmo nível de eficiência nos gastos com educação que países de renda alta, como França ou Estados Unidos, e atingir um desempenho na prova do Pisa semelhante ao observado no Chile. Além disso, com a eficiência atual, se gastássemos, por exemplo, 50% a mais por aluno, continuaríamos ainda abaixo do desempenho de outros países como o Chile. A pesquisa do Felipe Puccioni evidencia, portanto, que o nosso problema educacional parece ser mais com a eficiência dos gastos públicos em educação do que com o valor gasto por estudante. O estudo também destaca como a pesquisa em economia e gestão é uma ferramenta crucial para apoiar e avaliar políticas públicas. Na verdade, a maioria das políticas econômicas e sociais, como nos setores educacionais e de crédito, deveria primeiro ser implementada em pequena escala experimental e sujeita a avaliação, permitindo ajustes para mitigar possíveis efeitos… Read more »

Conselheira Substituta Milene Cunha assume a presidência da Audicon em cerimônia de posse

  Nesta quarta-feira (21), ocorreu a cerimônia de posse da nova diretoria da Audicon, nas dependências do Tribunal de Contas da União (TCU). O cargo de Presidente da instituição passa a ser ocupado pela Conselheira Substituta do Tribunal de Contas do Pará (TCE-PA), Milene Cunha. Na oportunidade, a Presidente cumprimentou todos os ministros dos Tribunais de Contas, senadores, deputados, conselheiros e realizou um agradecimento especial ao seu antecessor Marcos Bemquerer. “Essa não é uma conquista pessoal, também não é sobre mim, é sobre como interligamos nossos propósitos, nossas crenças, visão de mundo, e como isso forja nossa atuação profissional e nossa condição humana”, pontuou a Presidente em seu discurso. Também destacou os desafios de ser a primeira mulher a ocupar o cargo. “Não posso deixar de reconhecer as gerações de mulheres que me precederam, cujo sonhos foram pavimento da estrada que hoje estou percorrendo. Nós mulheres enfrentamos desafios e adversidades em nossa jornada diária, pela liberdade e igualdade de oportunidades”, enfatizou a Presidente. Em seu discurso, o Ex-presidente Marcos Bemquerer, que assume o cargo de Vice-Presidente, recordou um pouco da trajetória da Audicon ao longo de seus 15 anos e teceu algumas palavras à nova Presidente. “Presidente Milene, à medida que contemplamos o passado, deslumbramos um futuro promissor, alimentado pela sua vasta experiência acumulada. Além de suas habilidades de liderança, saiba que sempre demonstrou empatia, compaixão e capacidade única de unir pessoas em torno de um objetivo comum.”, disse Bemquerer. Acesse a íntegra do discurso da Presidente Milene Cunha abaixo: Discurso-Posse-Audicon Saiba quem compõe a nova diretoria da Audicon: https://www.audicon.org.br/site/diretoria/ Assista a cerimônia de posse completa: https://www.youtube.com/watch?v=OItzqZvcFf8